Entrevista: Rosa Amanda Strausz
No dia 21 de novembro, última segunda-feira, aconteceu a 74ª edição do Projeto Livro do Mês aqui em Passo Fundo. Neste mês a autora convidada foi Rosa Amanda Strausz com a obra Uólace e João Victor. Durante todo o mês os estudantes das escolas municipais, estaduais e do curso de Letras receberam os livros para realizar a leitura prévia do mesmo. O projeto acontece desde o ano de 2006 e, nesse ano, completou dez anos de duração. O livro de Rosa Amanda é o último do ano de 2016. O livro do mês só voltará a ocorrer no inicio do ano letivo de 2017.
Durante a estadia da escritora aqui ela participou de três seminários: o primeiro com estudantes do curso de Letras e do Ensino Médio noturno, o segundo com as escolas da rede estadual e o terceiro com alunos da rede municipal. Desde o começo dos trabalhos com o livro os alunos demonstraram interesse e receptividade para com a leitura. Uólace e João Victor é um livro que traz fortes questões sociais para a reflexão dos alunos, tratando de temas como desigualdade social, meninos de rua, consumismo, etc. O história é contada pelo ponto de vista dos dois personagens, cada capítulo é um dos meninos que se enuncia. João Victor é um menino de classe média baixa que mora com a mãe e Uólace é um menino muito pobre que mora na rua com alguns amigos e sua mãe alcoólatra. Apesar de as temáticas serem fortes, Rosa Amanda aborda-as de maneira a despertar a sensibilidade e para que os leitores percebam que as pessoas tem muito mais semelhanças que diferenças.
Durante a estadia da escritora aqui ela participou de três seminários: o primeiro com estudantes do curso de Letras e do Ensino Médio noturno, o segundo com as escolas da rede estadual e o terceiro com alunos da rede municipal. Desde o começo dos trabalhos com o livro os alunos demonstraram interesse e receptividade para com a leitura. Uólace e João Victor é um livro que traz fortes questões sociais para a reflexão dos alunos, tratando de temas como desigualdade social, meninos de rua, consumismo, etc. O história é contada pelo ponto de vista dos dois personagens, cada capítulo é um dos meninos que se enuncia. João Victor é um menino de classe média baixa que mora com a mãe e Uólace é um menino muito pobre que mora na rua com alguns amigos e sua mãe alcoólatra. Apesar de as temáticas serem fortes, Rosa Amanda aborda-as de maneira a despertar a sensibilidade e para que os leitores percebam que as pessoas tem muito mais semelhanças que diferenças.
Tomei a liberdade, agora que estive com a autora e posso dizer "conheço Rosa Amanda Strausz", de fazer uma breve entrevista. São perguntas sobre a formação leitora e escritora da mesma, assim como sobre a obra. Gostaria de agradecer imensamente à ela, que se mostrou receptiva, prestativa e simpática com todos os estudantes e conosco do Letras Açucaradas. Confira abaixo as questões e as respostas (geniais) de Rosa Amanda:
L. A.:Como foi a formação de sua trajetória
leitora? Qual gênero mais gosta de ler? Quais autores mais lê?
Rosa Amanda: Desde que me alfabetizei,
leio de tudo. Quando era menina, se não tivesse nada para ler, pegava o jornal.
Lia bula de remédio (sou quase uma farmacêutica leiga), classificados, qualquer
coisa. Não foi por acaso que me formei jornalista – que não passa de um
especialista em generalidades. Não tenho preferência por gêneros. Sou uma
mulher de fases. A lista dos autores que mais releio é um bocado eclética.
Inclui Eça de Queiroz, Rosa Montero e Marcel Aymé – este último,
inexplicavelmente ainda não traduzido no Brasil.
L. A.: Quando começou a escrever, imaginou que seu
primeiro livro Mínimo Múltiplo Comum
faria tanto sucesso e seria premiado? Quais eram suas expectativas no começo da
carreira de escritora?
Rosa Amanda: Mesmo já trabalhando em
editoras e conhecendo tantos jornalistas, eu não fazia ideia de que seria tão
difícil publicar meu primeiro livro. Foram quase seis anos de espera e
tentativas em vão. Por isso, quase não tinha expectativas. Fui surpreendida com
a recepção que ele encontrou por parte da crítica – mas não do público; o livro
não vendeu nada (risos).
L. A.: Após seu primeiro livro, você passou a
escrever mais literatura infantil e infanto-juvenil. Como se deu essa
transição? Como é escrever para crianças?
Rosa Amanda: Quando meu primeiro filho
nasceu, fiquei quase três anos sem escrever. A escrita é uma atividade muito
absorvente, ela tira você da realidade e isso me parecia incompatível com a
criação de um humaninho. Lembro-me apenas de ter escrito um conto que começava
mais ou menos assim: “Leite, algodão, hipolglós. Depois da explosão rubra do
parto, o mundo torna-se subitamente branco.”
Não posso dizer que comecei
a “escrever para crianças”. Comecei foi a criar histórias para me comunicar com
meu filho, quando ele se encontrava em uma fase delicada da vida, por volta dos
três anos. Eu as anotava para não esquecer. Um dia, um amigo viu um dos textos
e pediu para levar para a Editora Salamandra – então uma casa pequena, um
empreendimento familiar. Era Mamãe trouxe
um lobo para casa, a história que eu tinha inventado para explicar para meu
filho que eu pretendia me casar novamente. Foi meu primeiro livro infantil.
L. A.: Um dos seus livros que fez mais sucesso foi Uólace e João Victor, que foi adaptado em
episódio para a série televisiva Cidade dos Homens. Como surgiu a ideia de
escrever sobre desigualdade social e meninos de rua? E como foi a experiência de
ter sua história adaptada para TV?
Rosa Amanda: A ideia surgiu a partir do
contato que tive com um menino de rua que perambulava sempre por perto da minha
casa. Fiquei muito impressionada com ele e com a sua percepção da escola como
uma instituição capaz de proteger crianças de uma realidade social tão cruel.
A adaptação para a TV foi um
presente que ganhei da vida. Foi uma emoção ver a história ganhar vida,
movimento e trilha sonora.
L. A.: Os seus leitores gostariam de saber, terá
uma continuação para a história do livro?
Rosa Amanda: A continuação já está
escrita. No momento, estou em busca de uma editora para ela.
L. A.: Recentemente você participou do Projeto Livro
do Mês na cidade de Passo Fundo (onde nos conhecemos). Como foi sua
experiência? Quanto aos alunos, como foi o contato com eles, desde à educação
básica até a Universidade?
Rosa Amanda: Não sei se vocês, em Passo
Fundo, têm consciência do quanto são privilegiados com relação à formação de
leitores. Os mais de 30 anos de Jornada, somados às ações que nasceram a partir
dela, criaram um ambiente ímpar para a reflexão a respeito do fazer literário
no país.
O contato com todos – alunos e profissionais ligados à formação de leitores, principalmente o pessoal do Mundo da Leitura, foi extremamente enriquecedor.
O contato com todos – alunos e profissionais ligados à formação de leitores, principalmente o pessoal do Mundo da Leitura, foi extremamente enriquecedor.
Especialmente com relação
aos alunos, o contato foi surpreendente. Uólace e João Victor foi publicado
pela primeira em 1998. Desde então, converso com crianças, adolescentes e
adultos a respeito do texto. Eu imaginava que todas as perguntas já tinham sido
feitas. Mas Passo Fundo surpreendeu. Surgiram questões novas e instigantes. Foi
maravilhoso estar aí.
L. A.: Muito obrigada Rosa Amanda, continue nos mandando novidades! Um grande abraço do Letras Açucaradas e do pessoal de Passo Fundo.
Quem tiver interesse de saber sobre a autora pode acessar o site https://rosaamandastrausz.wordpress.com/, ou a página do facebook Rosa Amanda Strausz.
Abraços!
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