ZERO: Ignácio de Loyola Brandão

       Olá leitores!! Boa noite! Hoje vou falar sobre um livro de um autor brasileiro, que esteve aqui na nossa cidade este ano e eu tive o prazer de conhecê-lo. O livro se chama Zero, a edição que eu li foi publicada pela Global Editora, do autor brasileiro Ignácio de Loyola Brandão. 


   Foi o primeiro livro que li dele, e uma grande surpresa pra mim. Publicado no ano de 1974, em Milão, e 1975 no Brasil, Zero é considerado um dos romances mais famosos do autor. Em julho de 1976, o livro recebeu o prêmio de “Melhor ficção” pela Fundação Cultural do Distrito Federal. Em novembro do mesmo ano foi censurado pelo Ministério de Justiça e sua venda proibida no país, só sendo liberado novamente em 1979. A proibição do livro fez aumentar sua popularidade. Durante muito tempo foi considerada uma obra polemica, por fazer uma crítica ferrenha a sociedade, a politica e a insignificância do povo brasileiro.

        Segundo o escritor, o processo de criação do romance ocorreu entre 1964 e 1973, dentro do período de regime militar brasileiro. Nesta época, Loyola trabalhava na redação do jornal Última Hora e começou a enfrentar problemas com a censura. As matérias que sofreram censura foram guardadas por ele que pretendia usá-las para escrever um romance. E foi assim que começou a nasce o Zero, cujo nome inicial seria A Inauguração da Morte.
      A obra é celebrada por sua estrutura anormal, segundo o próprio escritor, o livro é estruturado em narrativas paralelas, não apresentando começo, meio e fim delineados. A narrativa gira em torno do personagem José Gonçalves, um homem comum que ao se casar com Rosa, luta para construir uma vida estável em uma cidade marcada pela repressão do regime militar. Ao longo do texto aparecem outras personagens: Átila, o Herói, Malevil, El Matador, Gê, Ige-sha, que estão presentes em boa parte da trama. E ainda outras que surgem de forma esporádica, como Carlos Lopes, Esqueleto, Ternurinha.
      Pode parecer estranho, como foi a mim, logo que você começa a ler o livro, por que a estrutura é totalmente diferente de tudo que você já viu. Idas e voltas no tempo, propagandas publicitária, frases de banheiro, onomatopeias, conversas de táxi, ilustrações, tudo mistura dentre de um enredo totalmente singular.A mistura de gêneros e, principalmente, a seleção e união de fragmentos textuais e de ilustrações, no caso particular de Zero, provoca uma sensação de “confusão” que consiste em uma metáfora para a turbulência do período militar.
        Nessa atmosfera, o livro pode ser dividido em três partes:

1º)   José, o protagonista, trabalha como mata-ratos em um cinema; é expulso da pensão onde mora e passa a morar com o amigo Átila em um depósito de livros censurados; perde o emprego; diverte-se visitando um faquir e escolhendo aberrações para um circo de monstruosidades;
2º)   José conhece Rosa através de uma agência matrimonial, se apaixona e se casa; tenta melhorar sua vida de casado tornando-se ladrão;
3º)   Junta-se a um grupo de guerrilheiros denominados “Comuns” liderados por Gê; Rosa é sacrificada por Ige-sha em ritual de origem africana; José e os demais revolucionários são perseguidos pelas milícias repressivas; José acaba drogado em uma cela em Miami.
O romance seduz pela grande dose de humor que emprega, aliviando a tensão do leitor e causando-lhe prazer, fazendo com que ele fique preso a história. Loyola ainda se utiliza do erotismo para chamar a atenção, em alguma partes do livro, como na lua de mel de José, acabam sendo quase 10 páginas com sexo, em suas várias formas. Apesar de ser um romance de mais de trinta anos a técnica revolucionária utilizada para compor Zero continua surpreendendo leitores acostumados aos formatos tradicionais. Através de sua fragmentação o autor consegue passar a sensação exata de como foi o período da ditadura militar. Quando Loyola descreve os métodos de tortura utilizados na época o leitor choca-se com a brutalidade e a violência. Da mesma forma quando o escritor descreve a lua de mel de José e Rosa, o leitor pode sentir claramente o erotismo contido nas páginas. Toda a construção do livro expressa a história do Brasil de 1964 a 1985. Mesmo sendo obra ficcional, Zero está impregnado de realidade. É uma denuncia ao ditatorialismo.
Por isso Zero é um livro que vale a pena ser lido, por qualquer um, em qualquer época. É em minha opinião um dos melhores romances brasileiros.
Bom além disso, eu disse que conheci o autor não foi? Sim ele veio até Passo Fundo, na UPF para um bate papo com leitores em um grande evento literário que aconteceu em setembro. Então, Loyola é um amor de pessoa, ótimo contador de histórias e tem muito conhecimento a transmitir a qualquer um que esteja em sua presença, Até me deu o email dele pra mim entrar em contato. Se você quer conhecer um pouco mais sobre ele, assista a entrevista dele no Programa do Jô: Loyola Brandão ao vivo no Programa do Jô.
Acreditem pessoal, vale a pena conferir o autor e as obras!! Espero que gostem...
BEIJINHOS!!

  

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